Finalmente! Hoje é 1 de março e podemos contar tudo e principalmente mostrar tudo da coleção da Stella McCartney para C&A.
"100%" foi o que mais se repetiu na apresentação que a C&A fez para nós, blogueiras. 100% algodão, 100% seda, 100% de atenção aos detalhes, 100% de qualidade, 100% de envolvimento da Stella, e estará 100% disponível para compra na internet.
Como todos sabem, a marca Stella McCartney segue as premissas da vida particular da criadora: nada de matéria prima animal ou sintética, então o primeiro desafio da C&A foi na escolha dos tecidos, já que estilista exigia tudo 100% algodão, ou 100% seda, ou 100% lã. Os tecidos só não são 100% quando a lã é misturada com algodão, mas de qualquer forma são fibras naturais, nada sintético. Ao contrário do que muitos jovens estilistas acreditam por aqui, na Europa a criação começa pelo tecido. E é dessa forma que Stella McCartney trabalha. Segundo ela, o tecido é o que vai sustentar a coleção, e não o contrário!
No primeiro encontro a equipe de desenvolvimento da C&A levou diversas amostras de tecidos brasileiros, que foram recusados pela Stella (que tristeza para a nossa indústria têxtil) que não gostou da qualidade e do "toque" dos mesmos. Dessa forma, para conseguir manter as peças numa determinada faixa de preço, a C&A teve que partir para fornecedores da China e India, onde as peças acabaram sendo produzidas (80%).
Depois dos tecidos escolhidos, a estilista enviou para a C&A a coleção toda desenhada da seguinte forma (olha que lindo!):
A coleção é composta de releituras dos "best-sellers" / "must haves" da marca Stella McCartney, ou seja, os modelos são clean e atemporais. Há os vestidinhos soltos e retos (estilo lingerie) que são marcas registradas da Stella, regatas de seda e shift dresses.
A leveza da seda faz contraponto com a dureza da alfaiataria, que na minha opinião é o melhor da coleção. O blazer, uma das pecas sempre emblemáticas da marca Stella McCartney, está presente num modelo ajustado e moderninho. O mesmo pode ser visto em shantung de seda bronze, todo em preto, ou em lã mescla marrom com lapela em gorgurão preto (meu preferido). As calças que fazem o conjuntinho tem uma faixa de gorgurão na lateral (outra marca registrada da Stella) e terminam no "ossinho do tornezelo", o limiar entre o cool e o sexy, perfeito para usar com saltão.
O mesmo modelo do blazer também vem em versão sobretudo em feltro de lã grossa (acredito que o tecido tenha em torno de 450-500gr, ou seja, dependendo do país e do quanto a pessoa é friorenta, pode segurar o frio de um inverno Europeu se associado a cachecol e pullover por baixo)
A equipe da C&A foi pelo menos duas vezes a Londres para fazer prova de roupa com a estilista. Para que as roupas se adequacem ao corpo brasileiro, elas contraram uma modelo brasileira na Inglaterra para as provas. Segundo a gerente de produto da C&A, durante as provas Stella pegava a tesoura e saía cortando a peça e re-alfinetando no próprio corpo da modelo para mostrar as modificações a serem feitas. Para não perder tempo, sempre que havia uma prova de roupa os representantes das fábricas na China e India iam a Londres e a C&A se reunia com eles no hotel logo depois da prova para passar as alterações. (abaixo, fotos tiradas na prova de roupa com a modelo brasileira)
O que mais chama atenção, entretanto, é o cuidado com detalhes que aumentam, em muito, a qualidade da roupa. Abaixo, uma foto da apresentação chamando atenção para a fivela e botões forrados, vivos, zippers especiais, pespontos, etc.
Stella fez questão de zippers aparentes, que requerem um "limpeza" mais na finalização da peça. Todos os ziperes ganham uma "moldura", conforme vemos abaixo:
Ao invés de forro, a alfaiataria ganhou um viés contrastante nas costuras, o que dá muito mais trabalho e consequentemente custa muito mais para produzir. Abaixo também o botão forrado do sobretudo de lã.
Detalhes pespontados na blusa de seda e no cós da saia de shantung preto. Há uma calça com o mesmo trabalho.
As malhas da coleção tem modelagem solta como a camiseta abaixo. Há malhas lisas e listradas. A camiseta abaixo foi produzida em malha de algodão orgânico, corantes naturais, e foi lavada depois da produção para ser apresentada com mais maciez. Ela traz a ilustração do cavalo, uma das paixões de Stella. A outra estampa da coleção é uma zebra estilizada, meio borrada.
Com certeza uma das peças mais concorridas de toda a coleção será o casaquinho abaixo. Os paetês foram bordados a mão. Demora 6 horas para bordadar um casaquinho, de forma que só foram produzidos 300 unidades (o que dá menos de 10 unidades por loja, já que a coleção será distribuída em 38 lojas da rede C&A).A C&A até cogitou tirar a jaquetinha da coleção devido à dificuldade da produção, mas a Stella gostou tanto....
A coleção chega às lojas no dia 23 de março. A partir de hoje, você pode se cadastrar no site e pegar uma senha para entrar na loja 1 hora antes Os tamanhos irão de 36 a 44, ou P M G. Segundo a C&A a média de preço de cada peça será R$150,-200,. Acho que vale, não é mesmo?
4 comentários:
Estou muito ansiosa para conferir tudo de perto.
Apesar das críticas que muitos andam fazendo, acho super importante levar esse conceito da roupa eco-friendly para um público (beeem) mais amplo que o da Stella, ainda mais se tratando da consumidora brasileira que mal tem acesso a esse tipo de informação.
Infelizmente as marcas e a mídia não contribuem tanto quanto poderiam para compartilhar o conceito de moda sustentável e quem sai perdendo com isso é o consumidor, que tem um "pré-conceito" sem nem saber do que se trata. Quantas vezes já ouvi "não tô ligando do que é feito, só quero estar linda na roupa"...
É triste.
Parabéns pelo post e pelo trabalho, adoro o blog! :)
Como assim nada de matéria prima animal? Seda e lã naturais vem de animais e a produção não é nada inofensiva a eles. Que decepção!
OMG The black coat and the white silk top...
http://jaga1294.blogspot.com/
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