Quando pensamos em Rio, com certeza as imagens que logo nos vem a cabeça são o Pão de Açúcar, o Corcovado, a praia de Copacabana e o aterro do Flamengo.Agora imagine a importância de um artista, que desses quatro cartões-postais ajudou a projetar dois deles?
Desde o dia 12 desse mês, a exposição "Roberto Burle Marx 100 Anos - A Permanência do Instável", nos mostra como esse artista, mais do que paisagista, ajudou a desenhar, com plantas, flores e lagos, alguns dos endereços mais divulgados do Brasil, como o Aterro do Flamengo e o calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, e a influencia de seus traços e grafismos no modernismo brasileiro.
Roberto Burle Marx (1909-1994) formou com Lucio Costa e Oscar Niemeyer o trio responsável para que o nosso modernismo tenha adquirido características próprias, além do racional-funcionalismo em voga na época na Europa e defendido por Le Corbusier.
Ele nasceu em São Paulo, mas viveu praticamente a vida inteira no Rio de Janeiro. Em 1928, o artista já se encontrava dividido entre a pintura, a musica, e uma outra grande paixão: o jardim que cultivava em casa havia mais de uma década, só com plantas nativas da encosta da pedra do Leme. Foi nesse ano que se mudou com a família para viver por um ano na Alemanha, e viveu uma grande imersão em tudo aquilo de que ele gostava. Foi a inúmeros concertos, visitou muitos museus e conferiu de perto a revolução cubista protagonizada por Picasso e Braque, conheceu parques e o Jardim Botânico de Berlim, com suas estufas de espécies tropicais, na sua maioria de origem brasileira. Essa surpresa acabou marcando profundamente o artista, e guiando dali pra frente sua trajetória profissional.
De volta ao Rio, decidiu estudar pintura, se conformando com as sessões de canto apenas para amigos e sem saber ainda o que fazer com sua paixão pelas plantas. Parece que o acaso resolveu decidir por ele, e então criou um dos artistas brasileiros mais famosos em todo o mundo.
Burle Marx vivia no Leme, e tinha como vizinho o já respeitado arquiteto e urbanista Lucio Costa, que já conhecia e acompanhava a evolução dos jardins criados pelo amigo, cheios de linhas e formas genuinamente brasileiras. Em 1932, o urbanista riscava para a família Schwartz, em Copacabana, a primeira casa modernista do Rio de Janeiro, e convidou o amigo Burle Marx para criar seus jardins. Em seu trabalho de estréia, as plantas distribuíam-se por canteiros redondos, em contraponto ao quadriculado das placas do piso do terraço.
Burle Marx esboçava assim o jogo plástico que iria modificar os parâmetros artísticos da época e definir uma nova escola: as curvas, que se tornaram fortes características de seu trabalho, e logo mais iriam dominar os contornos da arquitetura moderna brasileira.
Além de ter implantado em sua arte as curvas do modernismo brasileiro, Burle Marx é inovador por várias outras razões, como a introdução de plantas brasileiras às suas criações, uma atitude pioneira na década de 1930, descobrimento de novas espécies, criação de jardins que se assemelham a pinturas modernistas, graças as formas com que desenhava seus projetos, foi um dos precursores da consciência ecológica nos anos 70, fez do jardim uma "experiência estética", para causar sensações a quem o atravessa, antecipando, de certa forma, o pensamento das instalações contemporâneas, entre outras coisas.
Além de paisagista, ele também era tapeceiro, desenhista, escultor, ceramista, cantor, pesquisador, designer de jóias e pintor.No campo da pintura, Burle Marx tambem se mostrou um grande artista e chegou a ser assistente de Candido Portinari no fim dos anos 30, trabalhou com Alberto da Veiga Guignard e chegou a dar aulas para Lygia Clark.
A exposição conta com 80 pinturas em tela, 16 pinturas sobre tecido, 95 guaches sobre papel, cinco esculturas em vidro murano, três tapeçarias, 34 projetos paisagísticos, 26 maquetes e 12 jóias, além de muitas fotos, documentos, objetos pessoais e dois documentários.
Para saber mais, clique aqui.
Roberto Burle Marx 100 Anos - A Permanência do Instável
Onde: Paço Imperial Quando: De 12 de dezembro a 22 março (3ª a dom., das 12h às 18h). Quanto: Grátis
Desde o dia 12 desse mês, a exposição "Roberto Burle Marx 100 Anos - A Permanência do Instável", nos mostra como esse artista, mais do que paisagista, ajudou a desenhar, com plantas, flores e lagos, alguns dos endereços mais divulgados do Brasil, como o Aterro do Flamengo e o calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, e a influencia de seus traços e grafismos no modernismo brasileiro.
Roberto Burle Marx (1909-1994) formou com Lucio Costa e Oscar Niemeyer o trio responsável para que o nosso modernismo tenha adquirido características próprias, além do racional-funcionalismo em voga na época na Europa e defendido por Le Corbusier.
Ele nasceu em São Paulo, mas viveu praticamente a vida inteira no Rio de Janeiro. Em 1928, o artista já se encontrava dividido entre a pintura, a musica, e uma outra grande paixão: o jardim que cultivava em casa havia mais de uma década, só com plantas nativas da encosta da pedra do Leme. Foi nesse ano que se mudou com a família para viver por um ano na Alemanha, e viveu uma grande imersão em tudo aquilo de que ele gostava. Foi a inúmeros concertos, visitou muitos museus e conferiu de perto a revolução cubista protagonizada por Picasso e Braque, conheceu parques e o Jardim Botânico de Berlim, com suas estufas de espécies tropicais, na sua maioria de origem brasileira. Essa surpresa acabou marcando profundamente o artista, e guiando dali pra frente sua trajetória profissional.De volta ao Rio, decidiu estudar pintura, se conformando com as sessões de canto apenas para amigos e sem saber ainda o que fazer com sua paixão pelas plantas. Parece que o acaso resolveu decidir por ele, e então criou um dos artistas brasileiros mais famosos em todo o mundo.
Burle Marx vivia no Leme, e tinha como vizinho o já respeitado arquiteto e urbanista Lucio Costa, que já conhecia e acompanhava a evolução dos jardins criados pelo amigo, cheios de linhas e formas genuinamente brasileiras. Em 1932, o urbanista riscava para a família Schwartz, em Copacabana, a primeira casa modernista do Rio de Janeiro, e convidou o amigo Burle Marx para criar seus jardins. Em seu trabalho de estréia, as plantas distribuíam-se por canteiros redondos, em contraponto ao quadriculado das placas do piso do terraço.
Além de ter implantado em sua arte as curvas do modernismo brasileiro, Burle Marx é inovador por várias outras razões, como a introdução de plantas brasileiras às suas criações, uma atitude pioneira na década de 1930, descobrimento de novas espécies, criação de jardins que se assemelham a pinturas modernistas, graças as formas com que desenhava seus projetos, foi um dos precursores da consciência ecológica nos anos 70, fez do jardim uma "experiência estética", para causar sensações a quem o atravessa, antecipando, de certa forma, o pensamento das instalações contemporâneas, entre outras coisas.
Além de paisagista, ele também era tapeceiro, desenhista, escultor, ceramista, cantor, pesquisador, designer de jóias e pintor.No campo da pintura, Burle Marx tambem se mostrou um grande artista e chegou a ser assistente de Candido Portinari no fim dos anos 30, trabalhou com Alberto da Veiga Guignard e chegou a dar aulas para Lygia Clark.A exposição conta com 80 pinturas em tela, 16 pinturas sobre tecido, 95 guaches sobre papel, cinco esculturas em vidro murano, três tapeçarias, 34 projetos paisagísticos, 26 maquetes e 12 jóias, além de muitas fotos, documentos, objetos pessoais e dois documentários.
Para saber mais, clique aqui.
Roberto Burle Marx 100 Anos - A Permanência do Instável
Onde: Paço Imperial Quando: De 12 de dezembro a 22 março (3ª a dom., das 12h às 18h). Quanto: Grátis
3 comentários:
Que bacana!!! Adoraria ver esta exposicao...
É verdade que os jardins do prédio da Belas artes da UFRJ também sao dele??? Me lembro que quando era crianca, os jardins do aterro do flamengo ainda eram bem conservados e eu adorava aquelas bromélias q eram maiores do que eu, que ficavam perto do MAM.
E mais uma observacao...a arquitetura moderna da Alemanha e a do Brasil tem muito mais em comum do que a gente supoe. De vez em quando me pego identificando umas semelhancas... É bom ter um pedaco de estetica carioca tao longe da cidade maravilhosa :-)
Sim...Diz a lenda que os jardins da reitoria pelo menos seriam dele, o que e um absurdo, devido ao estado de abandono que estava.
Alias, so pra complementar, Burle Marx e Niemeyer estudaram la na nossa queria Escola de Belas Artes...
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